"GUERRA" - Os Filhos da Vida, CAP. I


1
Quando nasceu, a guerra não chorou,
Num ventre maltratado fecundou,
Do orgulho e da dor se formou.

Ela tinha o nome da vida
E sangue na boca tão mordida
Por nascer da raiva tão contida.

2
Incendiou cidades por frio,
Pa que gelo se fizesse rio
No coração humano que viu.

Mesmo cruel, matava por amor,
Traía a vida só por louvor
À volta da cruz num altar de dor.

Construíu estátuas por crença,
Usando sangue como ciência;
Acusando livres de demência.

Chegava sempre naturalmente,
E nunca muito discretamente,
Fosse tarde ou pontualmente.

3

Na cabeça ou em mil gatilhos,
Escondida nas cinzas dos ninhos,
Lá desfeita em mil pedacinhos.

Quando lá morreu, nem sequer chorou,
Num campo de batalha se deitou,
Pelo orgulho e dor aguardou.