"FUMO" - OS FILHOS DA VIDA, CAP. II





















1
De tanto querer beber a poção
Para pôr glória no seu coração
A vida fez veneno pouco são.

Tomou-o como se fosse sumo,
Criou moda com o seu consumo
E assim se formou este fumo.

2
Uma triste cortina espessa
Deixou a nossa raça submersa
Por querer o futuro depressa.

Ao início por não saber bem,
Mais tarde, vestido só de desdém.
Cego naquilo que mais lhe convém.

Sem esconder roubava futuros,
Escondidos em metais escuros
Unidos em máquinas e muros.

Quis-se esperguiçar por mil cantos,
Tapar o mundo noutros mil mantos,
Para propagar os seus encantos.

3
De pequeno se criou por vício
Lá nascido sem fim nem início,
Entre equinócio e solstício.

Deu voz ao motor do seu luto
E nele acendeu o charuto.
Assim se incendiou o mundo.