Espero



Espero mais capicuas como esta,

Para que continue sem ter começo ou fim.
Espero ser eterno mais vezes, 
Para que a poesia não deixe de ser presente.

Espero não acordar tantas vezes,
Para que possa continuar a sonhar pelas primaveras,
Talvez afundado nas mil e uma pétalas lilás,
Não doa tanto o seu passar de belas a mortas.

Espero não aterrar tantas vezes,
Para que possa continuar a voar pelos meus outonos,
Talvez alienado no meio das folhas dançantes,
Não doa tanto quando o seu tango passar a ballet.

Espero mais capicuas como esta,
Para que não deixe nunca de acabar num começo,
Sempre com as costas pesadas de bagagem
E os pulmões leves da frescura do estrangeiro.