Miragem Anda-Lusitana

Nasceu do flamenco,
Mas foi no fado que a conheci.
Duas vítimas de uma miragem ibérica,
De um futuro anda-lusitano.

Na inocência estrangeira de uma castelhana,
Bateu o seu coração no coração lisboeta,
E dançou o flamenco por ruas minhas e nossas,
Entoando tons de Amália e de estranhas formas de vida.

Olhámos o céu no mesmo tom de rosa,
Crentes de uma realidade sem realidade.
Cantámos em uníssono o mesmo tom soprano,
Conhecendo-nos quase sem conhecer.

E agora que o dever é voltar,
Baila, minha anda-lusitana,
O flamenco está a uma fronteira de distância,
Do coração de fado que será sempre a tua casa.