Da Lua

Da Lua que é uma mulher
Que é uma mulher ferida
Ferida, sentida
Derrotada no ponto de partida

Da Lua que é uma mulher
Que é uma mulher complacente
Redundante e persistente
Quis roubar-lhe a coragem a dente

Mas ainda que fosses um astro
Não te rezaria a ti
Ainda que fosses um astro,
Não te rezaria a ti

Astro que tatuei numa noite sem bebida
Num céu com sentença duma vida perdida
Astro que queimei na penugem duma vida
Uma vida sem vida de que nutro uma dívida.

Mas ainda que fosses um astro
Não te rezaria a ti
Ainda que fosses um astro,
Não te rezaria a ti

Quis ser Lua e orbitar a teu redor
Fiquei com as crateras, as lágrimas e o suor. 


~ escrito numa curta viagem de comboio