Não quero este lugar desconfortável,
Enrugado, angulado e escondido
Com vista perfeita para a vida longínqua,
Que passeia diante de mim sem dar pela minha presença.
Não desejei ser o arquétipo espectador,
Impaciente, estridente e ansioso
Na primeira fila dos espetáculos da vida,
Onde a cor e a forma se mesclam em conceitos luminosos.
Nunca quis esperar,
Sempre quis ser no imediato,
Saltar do penhasco da vida sem ver
E aterrar onde tudo acontece continuamente.
Ser sábio e, por conhecer tudo,
Ignorar qualquer consequência da minha ação,
Para abandonar este lugar escondido com vista para nada,
E entregar-me ao outro lado da plateia, onde possa ser tudo.
Talvez um dia seja o motivo por detrás do último brinde na Terra.
Levantarei o meu copo, no centro da vida que sempre me tratou bem
E, sorrindo à audiência que me assiste passar com tudo o que se passa comigo,
Agradecerei pelo dia em que me neguei a sentar no lugar desconfortável com vista para a vida.
